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História do Curso de Medicina da UFAM

 

A história da medicina na UFAM inicia em quatro de dezembro de 1965. O ministro Jarbas Passarinho daria ao reitor da época, Jauary Marinho, os recursos necessários para a fundação do curso, e suas aulas teriam iniciado no prédio Plácido Serrano em 1966. No início, tudo era muito precário, não havia muitas salas e aulas práticas ou grade curricular adequada. 

 

Porém, foi através da luta dos alunos e professores que acreditavam no ideal do curso, além de medidas tomadas por certos diretores, que a medicina na Universidade Federal do Amazonas pôde ser consolidada em Manaus e assim oferecer mão de obra de qualidade para a população tão necessitada de médicos à época.

 

 

História da Medicina na UFAM

 

A escola universitária livre de Manaus teve seus estatutos organizados em 18/01/1909. Através desses estatutos sabe-se que a Escola Livre de Manaus é uma remodelação da Escola Livre de instrução militar do Amazonas, a qual foi inaugurada em 22 de novembro de 1909. Pelos estatutos, também se sabe que havia a possibilidade da criação de um curso médico, que não saiu do papel, mas deu margem para o embrião do que seria a faculdade de medicina.

 

A história da faculdade de medicina é inseparável da história do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV). Sem o HUGV, dificilmente haveria curso de medicina em Manaus e foi através dele que o curso de medicina pôde desenvolver aulas práticas em um ambiente propício ao conhecimento e onde a semiologia teria um espaço nunca antes ocupado nesta cidade. Dessa maneira, pôde-se assim desenvolver uma relação mais profunda e detalhada entre a percepção médica e uma sintaxe mais rica e diversificada, possibilitando assim a identificação de novas doenças e o registro minucioso dos sinais e sintomas.

 

O Hospital Getúlio Vargas, como era chamado, surgiu primeiro, em 27 de junho de 1965, por iniciativa do Governo Estadual do Amazonas. Tratava-se de um hospital moderno, bem equipado para os padrões da época. Servia à clientela amazonense e dos territórios limítrofes. Fazia parte de sua estrutura um pequeno ambulatório e um Pronto-Socorro, o maior e mais importante da cidade de Manaus.

 

A faculdade de medicina, por sua vez, surgiu no final de 1965, mais precisamente no dia 4 de dezembro de 1965 na rua Martins Santana, n° 1053.Hoje, rua Afonso Pena. O ministro militar Jarbas Passarinho daria ao reitor, professor Jauary Marinho, e ao presidente da fundação, Desembargador João Machado, os recursos financeiros necessários à empreitada de inauguração e funcionamento da faculdade. Entretanto, a faculdade se comprometia em receber os alunos que tinham sido aprovados nas faculdades de outras regiões e não haviam conseguido vaga para realizar seus cursos (‘’alunos excedentes’’).

 

A Faculdade de Medicina teve o seu curso implantado em 1965 que estrategicamente iniciou seu funcionamento nas dependências do grupo escolar Plácido Serrano localizado ao lado do Hospital Getúlio Vargas. Sabe-se que o prédio era muito simples, não havendo demarcações rigorosas entre as salas. A diretoria funcionava no mesmo prédio, sendo o primeiro diretor o Dr. Mário de Moraes o qual foi nomeado pelo reitor da época, Dr. Jauary Marinho.

 

A faculdade de medicina inaugurada em 1965 iniciou suas atividades no dia 11 de maio de 1966, com uma aula de anatomia.

Como não havia cadáveres e nem ossos disponíveis, iniciou-se uma caçada aos restos mortais nos cemitérios. O que mais tarde, geraria grande escândalo na mídia local em torno do diretor da época e culminaria (aliado a uma série de problemas administrativos ligados ao mesmo) em sua demissão. Porém não nos ateremos a tais questões políticas relacionadas à questão demissional e focaremos em expor os fatos ligados a faculdade em si.

 

Inicialmente, o curso de medicina não tinha nenhum departamento, não havia leitos no HUGV para as aulas práticas de doenças tropicais, assim como não havia ambulatório para certas especialidades médicas como psiquiatria, oftalmologia e otorrinolaringologia. À medida que a faculdade crescia, surgiam com ela novas instituições, um exemplo é o instituto de Medicina Tropical, fundado em 1970, logo após a criação da faculdade por iniciativa de dois professores, Heitor Dourado e Carlos Borborema, chamado inicialmente de clínica de Moléstias Tropicais.

 

Depois de muita luta, a partir de 1970, apenas 10 leitos do Hospital eram destinados aos estudantes de medicina. Essa situação tornou-se conflituosa quando novas turmas de alunos surgiram através dos exames vestibulares nos anos subseqüentes. O quadro agravou-se quando a Universidade recebeu alunos de Medicina de outros Estados brasileiros, considerados excedentes em outras Universidades do Brasil. É válido lembrar que o curso foi reconhecido somente em 1970, quase quatro anos após sua criação, e sua primeira turma de pioneiros foi formada em 1971.

 

A consolidação do curso de Medicina no Amazonas deve-se a coragem e ao empenho da primeira turma formada em 1971. È válido lembrar que antigamente (antes da criação da faculdade de medicina) quem se formava em medicina e era natural do Amazonas, eram pessoas com poder aquisitivo elevado, pois como não havia faculdade, era preciso ir para outro estado para estudar. Vale ressaltar ainda que as turmas passaram a buscar uma especialização, contribuindo assim para a melhoria da parte técnica da assistência médica.

Um dos diretores da faculdade de medicina do Amazonas, o médico ortopedista Ernani Corrêa (1969-1971) foi grande expoente na história do curso uma vez que realizou uma série de medidas notórias as quais contribuíram imensamente para a base teórica e administrativa da faculdade de medicina. Dentre as inúmeras, destacam-se:

 

1-Contratação de 56 novos professores das mais diversas áreas para compor o quadro docente da instituição;

 

2-Criação de um conselho departamental composto por 14 departamentos: Ciência Morfológica; Ortopedia e Traumatologia; Neuro-Psiquiatria; Microbiologia e Parasitologia; Otorrinolaringologia-Oftalmologia; Medicina Preventiva; Ginecologia e Obstetrícia; Pediatria; Bioquímica; Fisiologia; Farmacologia; Patologia; Cirurgia; Clínica Médica.

 

3- Realizou uma moralização do vestibular para o ingresso no curso de medicina, investindo na coibição de venda de provas e cola, as quais eram freqüentes na época.

 

4- Jubilou o excesso de alunos existente dentro da faculdade, os excedentes de outras faculdades e aqueles que possuíam documentos falsos ou tinham conseguido sua vaga de maneira escusa.

5- Criação dos laboratórios de Farmacologia, de Fisiologia, de Cirurgia Experimental, de Microbiologia e Parasitologia, de Colpocitologia e de fotodocumentação científica.

 

6- Criação do anfiteatro de anatomia;

 

7- Inauguração do ambulatório Araújo Lima e do auditório Dr. Zerbini;

8- Conseguiu junto à secretaria de estado, a abertura dos hospitais aos universitários (o que antes era praticamente proibido). Formou-se uma espécie de ‘’convênio’’ entre o HUGV, a maternidade Ana Nery, hospital Eduardo Ribeiro, hospital infantil e o pronto socorro do estado.

 

9- Criou o curriculum (grade curricular) para a faculdade de medicina, além do regimento interno do curso.

 

Pode-se dizer que a faculdade de medicina surgiu como um sonho no quais só os que nela viviam, acreditavam na realização do desejo. Por essa razão vale a pena citar as primeiras medidas feitas pelos diretores, além é claro do empenho dos primeiros alunos e da dedicação dos professores membros do corpo docente.

 

O que se passou com a primeira turma da faculdade de medicina nunca mais se repetiu com as últimas, resultando em um distanciamento cada vez maior entre professores e alunos.

 

Com o passar dos anos, o curso tomou forma, venceu diversas crises e tentativas de fechamento da faculdade, cortes de gastos, desvio de verbas...

 

Diante de um contexto atual é importante lembrar a crise pelo qual o curso de medicina passou (e ainda passa) nos últimos anos. Falta de material, grade curricular inadequada destaca-se, além da pontuação muito baixa conseguida no Exame Nacional de Desempenho dos estudantes (ENADE) feito pelo Ministério da Educação a qual culminou em um processo instaurado para o fechamento da faculdade. Foi estabelecido um plano de metas chamado de termo de ajustamento de conduta (TAC), onde se estabeleceu tudo aquilo que deveria mudar dentro da faculdade para que esta não viesse a sofrer sanções ou pior, fechar suas portas.

 

Nesse contexto, foi importantíssima a participação dos estudantes, seja invadindo a reitoria em busca de soluções, seja fazendo passeatas ou realizando debates sobre o assunto. Um destaque nesse movimento foi a ex-presidente do diretório acadêmico Michele Cristina que buscou ativamente soluções junto aos alunos e diretores, além de estar sempre informando os alunos sobre a real situação do curso, pois além da grade curricular ultrapassada, os alunos passam por diversos transtornos diante das condições materiais precárias, a exemplo dos materiais dos laboratórios sucateados há mais de 10 anos. E, o que é muito grave, os problemas advindos com o quadro docente efetivo obrigado a agasalhar a figura contratual do professor substituto.

 

O esforço conjunto da administração superior da universidade, da diretoria e docentes da faculdade de medicina e, principalmente, dos alunos, por terem apresentado bom desempenho no ENADE de 2010, conseguiu que o processo de supervisão do curso de medicina da Ufam fosse arquivado pelo Ministério da Educação (MEC). As metas estabelecidas no Termo de Ajustamento de Conduta assinado entre o MEC e a UFAM no ano de 2009 foram cumpridas satisfatoriamente. Ou seja, o processo de intervenção na faculdade iniciado anos antes foi arquivado. Tal ação merece destaque uma vez que o curso de medicina é de extrema importância à cidade de Manaus e seus habitantes e outras medidas não haviam sido tomadas em gestões anteriores.

 

Passado esse momento inicial de crise do curso, este toma como metas para o futuro buscar a formação de mais e melhores profissionais de saúde, investindo ainda mais em pesquisa e pós-graduação com melhoria da qualidade das residências médicas oferecidas, além da melhoria na estrutura e serviços oferecidos aos alunos.

 

De maneira geral, a faculdade de medicina na Ufam, segue sua caminhada rumo a 2011 com mais de 70 turmas formadas, com investimentos em pesquisa (PIBIC, PIBEX, etc.), programas de pós-graduação, projetos de extensão (PACE, PET e ligas acadêmicas), atividades em telemedicina e telesaúde aliadas a convênios com universidades de renome como a Unifesp e o hospital Sírio Libanês, além de um quadro docente composto por 125 professores distribuídos nas mais diversas especializações. Mantêm-se ainda a administração pelos departamentos, porém agora em número de cinco: departamento de clínica cirúrgica, de clínica médica, de saúde materno-infantil, de patologia e medicina legal, de saúde coletiva.

 

 

Prof. Rodolfo Fagionato de Freitas

 

Fonte: http://ccm.ufam.edu.br/index.php/pt-BR/19-sample-data-articles/ccm/8-historia-do-curso-de-medicina-da-ufam

 

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